terça-feira, 20 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

Reflexões sobre a justiça e o Papa


Ratzinger é um pensador, um respeitado filósofo, reconhecido autor de uma obra consistente

Aristóteles dizia que o primeiro passo para a injustiça é a generalização. Ser justo significa ser verdadeiro e reto. Inverdades estão sendo desferidas contra o Papa como se fosse um criminoso ou pactuasse com a criminalidade.

A prática da Pedofilia é crime. Em alguns casos, crime hediondo. Merece repúdio e sanção. Ato abjeto, condenável, qualificado na esfera legal como singular exemplo de hediondez.

A pedofilia, entendida como a perversão sexual na qual um indivíduo tem atração sexual dirigida para crianças ou para adolescentes em início de puberdade, pode se exteriorizar em diversas condutas consideradas criminosas pelo Direito. São exemplos de crimes previstos no Código Penal os seguintes: estupro de vulnerável (“ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos” – art. 217-A), corrupção de menores (“induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem” – art. 218), satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A) e favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (art. 218-B). Há também outras leis reprimindo a prática de pedofilia, como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, que criminaliza condutas de exposição de imagens de caráter sexual envolvendo crianças e adolescentes, nas mais variadas mídias, inclusive na internet (art. 241).

É importante destacar que o crime de estupro de vulnerável, incluído pela recente Lei 12.015/09, caracteriza-se inclusive quando a prática sexual tenha sido consentida pela criança ou pelo adolescente menor de 14 anos. Isso porque a lei traz uma presunção de violência, ainda que de ordem moral e mental, quando se pratica relação sexual com pessoa nessa idade. Não bastasse, para a caracterização do crime, não é necessário que se tenha consumado uma conjunção carnal, sendo suficiente que tenha havido atos libidinosos, quer se trate de relação heterossexual, quer se trata de relação homossexual.

E a pena para esse crime, que é considerado hediondo pela lei, é de reclusão de 8 a 15 anos.

O atual estágio civilizatório se erige sobre postulados arduamente conquistados, dos quais não se pode abrir mão, sob pena de retorno à barbárie. A opção pelo processo judicial já consiste em escolha ética, a substituir a justiça de mão própria.

Dentre os dogmas do processo penal contemporâneo, situam-se o contraditório e a ampla defesa e o princípio de que a sanção incidirá sobre o criminoso e não resvalará sobre outras pessoas.

O eixo da individualização da responsabilidade parece ter sido afetado nestes dias, por uma teimosa insistência em atribuir a Bento XVI culpa que ele não tem.

Em seu pontificado, o Papa reiterou o repúdio em relação a qualquer inobservância aos preceitos evangélicos. E sempre defendeu a dignidade humana. Sua primeira Encíclica foi sobre o Amor. Emocionou-se nos campos de concentração, sensibilizou-se com vítimas de desastres da natureza, acolheu mulheres e homens de todos os cantos do planeta, mostrando-se sempre magnânimo, terno e afável.

Em relação à pedofilia na Igreja, nítida a sua consternação. Pediu perdão às vítimas, lamentou que mais essa chaga continuasse a ser acrescentada ao atemporal sacrifício do Salvador. Diante disso, como se justifica o furor em execrá-lo, se não é pedófilo, se perfilhou frontalmente contra esse crime - se nunca se acumpliciou com os que agiram de forma injusta e criminosa?

Os infratores são eles, não o Papa. Este é o chefe de uma Igreja que tem milhares de sacerdotes santos, de leigos a caminho da santificação. Mas que é instituição humana, também falível e pecadora. E que, definitivamente, não é a instância encarregada de julgar os infratores da lei penal. Que cada infrator responda pelos seus atos e que seja julgado, conforme a lei.

Ratzinger é um pensador, um respeitado filósofo, reconhecido autor de uma obra consistente. Já integrava a Pontifícia Academia Vaticana de Ciências, seleto grupo de intelectuais de todo o mundo, sem distinção de crenças e dentre os quais figuram muitos galardoados com o Prêmio Nobel. É esse o homem que conduz, com sabedoria e prudência, a Igreja Católica.

Justiça, verdade, felicidade. Os valores aristotélicos continuam a nos desafiar. Punamos os que de direito e respeitemos os que fazem da missão um oráculo ao amor.


GABRIEL CHALITA é docente universitário, Doutor em Filosofia do Direito e Semiótica, ex-Secretário da Educação do Estado de São Paulo e Vereador da Capital Paulista.

RENATO NALINI é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e Presidente da Academia Paulista de Letras.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quem encontrou um amigo...



...encontrou um tesouro!

A amizade é um caminho de conhecimento e um compromisso de cuidado e crescimento mútuo. O amigo cuida, provê, divide, protege, quer ser corrigido e corrige, não se envergonha das atitudes dos amigos, chora com o fracasso dele e se alegra com seu sucesso.

O amigo deve ser procurado, cultivado e valorizado. É como um tesouro, pois raramente acontece do nada. Você precisa estar atento para a possibilidade de conhecer um novo amigo. É importante abrir-se para fazer novos amigos, procurar novos amigos, aprender o que é importante em uma amizade.

Como agir com os amigos e o que esperar deles? Como já foi dito anteriormente, a amizade é um caminho de conhecimento. Portanto, temos de procurá-lo.

Às vezes, nos deparamos com um baú sujo, feio, quebrado, antiquado... Precisamos nos aproximar dele, correr o risco de fazê-lo, limpá-lo, arrumá-lo, apreciá-lo como uma antiguidade que é. Quando conseguirmos abri-lo, poderemos encontrar ouro ou moedas antigas, assim como ossos, documentos, entre outros. E se for algo que eu desconheça o valor e não me proponha a pesquisar, estarei correndo o risco de desprezar o baú até mesmo antes de abri-lo. Quantas pessoas já passaram em sua vida que você nem se deu ao trabalho de parar, pensar e dar passos em direção a um novo relacionamento?

Se eu perceber que dentro do "baú" há "moedas correntes" ou "ouro", que são valores já conhecidos, também vou precisar planejar a minha relação com o "novo tesouro". O mesmo acontece com as pessoas que surgem em nossas vidas. A nossa vida vai mudar, precisamos nos abrir para as mudanças, pois quando nos deparamos com o outro, precisamos verificar a melhor forma de conviver com as riquezas que ele tem para compartilhar conosco. A riqueza do ser diferente, do saber coisas que não sabemos, a atitude do outro que sabe pedir ajuda, que sabe estar atento à necessidade dos que estão com ele.

Pensando novamente na "moeda corrente" é como quando alguém que ganha muito dinheiro e agora precisa mudar o seu padrão de vida, os seus hábitos, a liberdade de ir e vir, sem segurança ou sem dar satisfação ele pode acabar, pois agora é rico(a). Da mesma forma, quando temos um amigo, muitas vezes, temos de redefinir nossos conceitos de liberdade, partilha, tempo, retribuição, investimento.

Alguém que encontra um amigo e tem medo de ver o novo é semelhante a um homem que encontra um baú com um tesouro dentro e temendo as mudanças que surgirão por causa deste, abandona o baú e as riquezas. Outros têm tanto medo de ser roubados, que não contam a ninguém do seu tesouro e ficam vivendo escondidos e com receio das pessoas. Qualquer um que se aproxima, ele já acha que é para aproveitar-se e pensa: 'será que ele descobriu que agora sou rico?' Muitos chefes se sentem assim, com medo do contato, da intimidade e amizade. Acreditam logo que o “novo amigo” vai pedir aumento ou promoção. Mas é mais triste ainda pensar que esposos, pais, filhos também perdem tantas oportunidades de ter grandes amigos ao seu lado.

Quando duas pessoas se encontram e começam a conviver, inicia-se um processo de transformação, o comportamento de um irá influenciar na vida do outro. O contato permite o questionamento do outro e principalmente o questionamento pessoal. Só com o olhar – primeiro em nós mesmos – é que poderemos ver o outro de forma transparente. Quando somos amigos, incentivamos e valorizamos o contato de nossos amigos com outras pessoas, mesmo que estas não venham a ser nossas amigas.

Quando nos abrimos ao amor, corremos riscos. E o risco faz parte e vale a pena, pois cada um que passa ao nosso lado sempre nos ensina direta ou indiretamente alguma coisa. Pense nisso. O que e como você tem investido na amizade? Como você se relaciona com seus amigos? O que aprendeu com eles?

O que já aprendeu com aqueles que o magoaram, feriram e se distanciaram de você? Ser amigo é um processo de constante aprendizagem. Ter amigos é conseqüência desse processo.

"Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé.

Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante." (Eclesiástico 6:14-17)

sábado, 10 de abril de 2010

Cadastro Nacional dos Grupos de Oração

Para cadastrar seu grupo ou encontrar os grupós já cadastrados clik aqui

Reconstruindo As muralhas dos Grupos de Oração


"Todo aquele que vem a mim ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída" (Lc,6,47s).

A Renovação Carismática Católica tem seus fundamentos alicerçados na rocha que é Cristo.Em seus projetos vem buscando reconstruir as muralhas destruídas pela marginalização e descasos da sociedade. Projetos como o de fortalecimento dos grupos de oração são formas de reerguer as muralhas da dignidade na família e na sociedade, favorecendo a libertação de vícios e a formação da justiça social a partir das bases.

Para tornar possível esse desafio de reconstrução, a partir de nossos grupos de oração, alguns direcionamento da RCC brasil terão que ser observado. Segue:

_ Seminário de Vida No Espírito Santo
É o centro de uma vida carismática; O processo de adesão e incersão a fé, são etapas de forte descobertas e redescobertas(sentimento, talentos, limitações, emoções). É um divisor de águas, uma vez que exige de nós uma decisão(firme, radical, sincera e constante). É um processo gradual e constante de plena inclusão na comunidade eclesial.

_ Experiência de Oração
Deverá ser feito sempre em retiro fechado de um final de semana, ou no sábado e no domingo o dia todo pedindo aos participantes que voltem para casa em clima de oração.

_ Aprofundamento dos Dons e Oficinas

Introduzir nas pessoas os dons carismáticos as virtudes e frutos principalmente o dom da escuta; Esse aprofundamento que também é chamado de Seminário de Dons deverá ser feito sempre em um final de semana em retiro fechado. PREGAR MENOS E ESCUTAR MAIS, O PRINCIPAL É O EXERCÍCIO DOS DONS NAS OFICINAS.

_Seminário sobre batismo no Espírito Santo
Este é o único item realmente novo como mudança, os outros são todos retomada. Por ser novo todo o seminário encontra-se no Livro: SEMINÁRIO SOBRE BATISMO NO ESPÍRITO, todas as palestras falam da pessoas do Espírito Santo.

Esperamos que com os novos direcionamentos já discernidos como já dito, sejam obedecidos, desta forma será realizado nos Grupos de Oração um novo derramamento do Espírito, para levar as pessoas a entenderem o que é ter uma vida em Espírito Santo e não só movidas pelo Espírito Santo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1º de abril, um dia para se falar a verdade


1º de abril, um dia para se falar a verdade

O folclórico dia da mentira tem sua origem na confusão de um calendário. O fato ocorreu por volta do século XV, quando o então rei da França Carlos IX decretou o início do ano corrente como o 1º de Janeiro, seguindo o calendário gregoriano.

Alguns camponeses e povoados mais distantes do rei não acreditaram no decreto e continuaram a celebrar o início do ano em 1º de Abril, isso fez com que passassem a ser ridicularizados pelo restante da população com brincadeiras de notícias mentirosas. Estas “peças” passaram a fazer parte da celebração do 1º de Abril que, ao longo do tempo, tomou conta de toda a França e do mundo, ora com o nome de “dia da mentira”, ora como o “dia dos tolos”.

Hoje, o dia da mentira é tido como uma brincadeira. Com a globalização, a data ganhou destaque em importantes meios de comunicação e, com o advento da internet, agências de notícias famosas fizeram circular notícias bizarras como forma de celebração desse dia.

Brincadeiras e folclore à parte, a verdade é que mentira pode provocar consequências desastrosas para um País, para uma família, uma empresa, uma pessoa. Como dizia Gandhi: “assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.”

No Brasil, por exemplo, sofremos há anos as consequências da falta de transparência de nossos governantes. A mentira está a serviço da corrupção, que é a maior vilã de nossa sociedade. Os princípios que regem a mentira, o juízo falso de valores e o engano proposital são os geradores de grande parte das mazelas sociais que os brasileiros já testemunharam. A impunidade, a violência, principalmente nas cidades de porte médio, antes locais seguros, só têm crescido na última década, ao mesmo tempo em que os investimentos na saúde pública são ainda desproporcionais à demanda, e a educação não é vista como prioridade para o desenvolvimento do país.

A nossa sociedade está sofrendo também as consequências do abandono e do esquecimento da verdade e dos valores cristãos. No dia da mentira é verdade que não temos mais tempo para nossos filhos, é verdade que não nos reunimos em família, não temos tempo para ir à Igreja, é verdade também que a dignidade e o direito mais básico, o de viver, já não faz tanto sentido. De fato, temos aqui muitos motivos para neste 1º de Abril lamentar as consequências da mentira em nossas vidas.

Mesmo que no dia 1º de Abril contemos alguma mentiras para não deixar passar em branco esta “brincadeira”, a verdade é que temos sede de sinceridade, queremos a confiança, queremos reciprocidade, queremos nos manifestar tal como somos, pois não aguentamos por muito tempo a dissimulação, a falsidade e a corrupção. Algo dentro de nós grita pelo verdadeiro e autêntico. No fundo, todo homem anseia viver em comunidade para partilhar a verdade e a justiça.

Jesus disse: “E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João 8, 32). Aprendamos que só a verdade nos torna pessoas livres, o bem mais precioso para o homem. É na liberdade que começa e termina todos os nossos caminhos, ela é a pérola do nosso querer.

No dia da mentira precisamos redescobrir a nossa vocação de testemunhar e comunicar a verdade. Não suportamos mais o que o Papa Bento XVI classificou como a “ditadura do relativismo”, queremos mesmo é a liberdade que vem pela verdade. Vivemos tempos de desconfiança e opressão pela mentira, ora lá, ora cá, nos perguntamos se não estamos sendo enganados, pois quem sabe nos acostumamos com o falso...

No dia da mentira só me resta dizer: Brasil, lute pela verdade!


Daniel Machado
conteudweb@cancaonova.com
Daniel Machado, missionário da Comunidade Canção Nova é formado em Filosofia pelo Instituto Canção Nova de Filosofia e produtor do portal cancaonova.com.

Lava-pés

O Senhor convida-nos a imitar a sua humildade, a confiar-nos a ela

Deus ama a sua criatura, o homem; ama-o também na sua queda e não o abandona a si mesmo. Ele ama até ao fim. Vai até ao fim com o seu amor, até ao extremo: desce da sua glória divina. Depõe as vestes da sua glória divina e reveste-se com as do servo. Desce até à extrema baixeza da nossa queda. Ajoelha-se diante de nós e presta-nos o serviço do servo; lava os nossos pés sujos, para que possamos ser admitidos à mesa de Deus, para que nos tornemos dignos de nos sentarmos à sua mesa o que, por nós mesmos, nunca podemos nem devemos fazer.

Deus não é um Deus distante, demasiado distante e grande para se ocupar das nossas insignificâncias. Deus desce e torna-se escravo, lava-nos os pés para que possamos estar na sua mesa. Exprime-se nisto todo o mistério de Jesus Cristo. Nisto se torna visível o que significa redenção. O banho no qual nos lava é o seu amor pronto para enfrentar a morte. Só o amor tem aquela força purificadora que nos tira a nossa impureza e nos eleva às alturas de Deus.

Ele é continuamente este amor que nos lava; nos sacramentos da purificação o batismo e o sacramento da penitência Ele está continuamente ajoelhado diante dos nossos pés e presta-nos o serviço do servo, o serviço da purificação, torna-nos capazes de Deus. O seu amor é inexaurível, vai verdadeiramente até ao fim.

"Vós estais limpos, mas não todos", diz o Senhor (Jo 13, 10).

Nesta frase revela-se o grande dom da purificação que Ele nos faz, porque deseja estar à mesa juntamente conosco, deseja tornar-se o nosso alimento. "Mas não todos" existe o obscuro mistério da recusa, que com a vicissitude de Judas nos torna presentes e, precisamente na Quinta-Feira Santa, no dia em que Jesus faz a oferenda de Si, nos deve fazer refletir. O amor do Senhor não conhece limites, mas o homem pode pôr-lhe um limite.

"Vós estais limpos, mas não todos": o que é que torna o homem impuro? É a recusa do amor, o não querer ser amado, o não amar. É a soberba que julga não precisar de purificação alguma, que se fecha à bondade salvífica de Deus. É a soberba que não quer confessar nem reconhecer que precisamos de purificação.

Em Judas vemos a natureza desta recusa ainda mais claramente. Ele avalia Jesus segundo as categorias do poder e do sucesso: para ele só o poder e o sucesso são realidades, o amor não conta. E ele é ávido: o dinheiro é mais importante do que a comunhão com Jesus, mais importante do que Deus e o seu amor. E assim torna-se também mentiroso, ambíguo e vira as costas à verdade; quem vive na mentira perde o sentido da verdade suprema, de Deus. Desta forma ele endurece-se, torna-se incapaz da conversão, da volta confiante do filho pródigo, e deita fora a vida destruída.

"Vós estais limpos, mas não todos". Hoje, o Senhor admoesta-nos perante aquela auto-suficiência que põe um limite ao seu amor ilimitado. Convida-nos a imitar a sua humildade, a confiar-nos a ela, a deixar-nos "contagiar" por ela. Convida-nos por muito desorientados que nos possamos sentir a voltar para casa e a permitir que a sua bondade purificadora nos reanime e nos faça entrar na comunhão da mesa com Ele, com o próprio Deus.

O Senhor limpa-nos da nossa indignidade com a força purificadora da sua bondade. Lavar os pés uns aos outros significa sobretudo perdoar-nos incansavelmente uns aos outros, recomeçar sempre de novo juntos, mesmo que possa parecer inútil. Significa purificar-nos uns aos outros suportando-nos mutuamente e aceitando ser suportados pelos outros; purificar-nos uns aos outros doando-nos reciprocamente a força santificadora da Palavra de Deus e introduzindo-nos no Sacramento do amor divino.

O Senhor purifica-nos e, por isso, ousamos aceder à sua mesa. Peçamos-lhe que conceda a todos nós a graça de podermos ser, um dia e para sempre, hóspedes do eterno banquete nupcial.

Amém!

Papa Bento XVI

Celebração do Tríduo Pascal



O espírito quaresmal nos encaminha para a Semana Santa, que precede a Páscoa.

Na segunda, terça e quarta-feira da Semana Santa, a Igreja prepara-se para o Tríduo Pascal, contemplando o Servo sofredor. Nesse período, aparecem como figuras eloquentes, Maria, a Mãe de Jesus, Maria Madalena, que perfuma o corpo do Senhor, Pedro e Judas.

Na liturgia romana o Tríduo Pascal é ponto culminante: "não se trata de um tríduo preparatório para a festa da Páscoa, mas são três dias de Cristo crucificado, morto e ressuscitado. Tem início na celebração da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, na missa vespertina, terminando com o domingo de Páscoa". São dias dedicados a celebrações e orações especiais.

Na Quinta-feira Santa comemoramos a última Ceia da páscoa hebraica que Jesus fez com os 12 apóstolos antes de ser preso e levado à morte na cruz. Durante esta ceia, Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio Cristão, prefigurando o evento novo da Páscoa cristã que haveria de se realizar dois dias depois.

O Cordeiro pascal a partir dessa ceia, é Ele próprio, que se oferece num voluntário sacrifício de expiação, de louvor e de agradecimento ao Pai, mareando assim a definitiva aliança de Deus com toda a humanidade redimida do poder do maligno e da morte.

A simbologia do sacrifício é expressa pela separação dos dois elementos: o pão e o vinho, a carne e o sangue, o Corpo e o Espírito de Jesus, inseparavelmente unidos e separados, sinal misterioso ao mesmo tempo de vida e de morte.

Esse evento do mistério de Jesus é também profecia e realização do primado do amor e do serviço na sua vida e na dos que crêem, o
que se tornou manifesto no gesto do lava-pés.

Depois do longo silêncio quaresmal, a liturgia canta o Glória. Ao término da liturgia eucarística, tiram-se as toalhas do altar-mor para indicar o abandono que o Senhor vai encontrar agora; a santa Eucaristia, que não poderá ser consagrada no dia seguinte, é exposta solenemente com procissão interna e externa a igreja e a seguir recolocada sobre o altar da Deposição até a meia-noite para adoração por parte dos fiéis.

Na Sexta-feira Santa a Igreja não celebra a Eucaristia. Recorda a Morte de Cristo por uma celebração da Palavra de Deus, constando de leituras bíblicas, de preces solenes, adoração da cruz e comunhão sacramental.

A noite do Sábado Santo é a "mãe de todas as vigílias", a celebração central de nossa fé, nela a Igreja espera, velando, a ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos.

A liturgia da Noite Pascal tem as seguintes partes: Celebração da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.

O Tríduo Pascal termina com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na verdade o Cristo ressuscitou, aleluia! A ele o poder e a glória pêlos séculos eternos.

Uma feliz e abençoada Páscoa!