quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A trilogia de Bento XVI



As três encíclicas sobre o Amor

Bento XVI defende na sua terceira encíclica, “Caritas in Veritate” (A caridade na verdade), uma nova ordem política e financeira internacional, para governar a globalização e superar a crise em que o mundo se encontra mergulhado.
Mas o que é uma encíclica?

Este é o grau máximo das cartas que o Papa envia. A palavra "encíclica" vem do grego e significa "circular", carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma. A encíclica é uma carta com um âmbito universal, onde o Papa empenha a sua autoridade como sucessor de Pedro e primeiro responsável pela Igreja Católica.

O seu objetivo é, de forma genérica, ensinar sobre algum tema doutrinal ou moral, avivar a devoção, condenar os erros ou informar os fiéis sobre eventuais perigos para a fé.

Depois de Deus Caritas Est, dedicada ao amor, e Spe Salvi, à esperança, podemos dizer que forma uma trilogia com Caritas in veritate (A caridade na verdade). Mas antes de nos aprofundarmos na terceira, vamos entender as duas primeiras encíclicas.

DEUS CARITAS EST (DEUS É AMOR) – 25 DE DEZEMBRO DE 2005
A Encíclica é composta por duas partes. A primeira parte oferece uma reflexão teológico-filosófica sobre o “amor” nas suas diversas dimensões - eros, philia, agape – especificando alguns fatos essenciais sobre o amor de Deus pelo homem e a intrínseca ligação que tal amor tem com o humano.

Os tipos de amor não se antepõem; ao contrário, encontram-se para que se realize melhor a essência do amor geral que tende ao seu modelo mais perfeito e sublime, que é o próprio Deus.

A segunda parte trata do exercício concreto do mandamento do amor ao próximo. Na prática, o Papa quer mostrar que “a fé bíblica não constrói um mundo paralelo ou um mundo contraposto àquele fenômeno humano originário que é o amor, mas aceita o homem por inteiro, intervindo na sua busca de amor para purificá-la, desvendando-lhe ao mesmo tempo novas dimensões”.

SPE SALVI, (SALVOS PELA ESPERANÇA) – 30 DE NOVEMBRO DE 2007
O que é a esperança? O que podemos esperar? Como e onde podemos e devemos viver a esperança? São perguntas fundamentais às quais o Papa responde nesta encíclica.

Esta esperança provém do encontro real com o verdadeiro Deus, que é Amor que nos redime. O Papa ilustra este dado pelo exemplo de Santa Josefina Bakhita. Tornando-se cristã, ela chegou a ter “esperança”, “a grande esperança: eu sou definitivamente amada e, aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor”. Esta esperança é capaz de transformar a partir de dentro a vida e o mundo.

Afirma que “o elemento distintivo dos cristãos o fato de estes terem um futuro: não é que conheçam em detalhe o que os espera, mas sabem em termos gerais que a sua vida não acaba no vazio.” E trouxe essa esperança que “era algo totalmente diverso: (...) o encontro com o Deus vivo, (...) o encontro com uma esperança mais forte que os sofrimentos da escravidão e que por ele transformava desde dentro a vida e o mundo, "mesmo que as estruturas externas permanecessem as mesmas”.

CARITAS IN VERITATE, (A CARIDADE NA VERDADE) – 7 DE JULHO DE 2009
Com esta encíclica, o Papa pretende enriquecer o magistério social pontifício. A última do gênero foi publicada em 1991. Trata-se de Centesimus Annus, de João Paulo II, ao comemorar o primeiro centenário da Rerum Novarum, do seu predecessor Leão XIII sobre a questão dos trabalhadores.

Bento XVI explicou que Caritas in Veritate é uma atualização da Populorum progressio, escrita por Paulo VI e publicada em 1967.

“Ela pretende aprofundar em alguns aspectos do desenvolvimento integral da nossa época, à luz da caridade na verdade”, afirmou o Papa antes da oração do Ângelus, no último dia 29 de junho.

A encíclica considera que "uma certa proliferação de percursos religiosos de pequenos grupos ou mesmo de pessoas individuais e o sincretismo religioso podem ser fatores de dispersão e de apatia".

"Um possível efeito negativo do processo de globalização é a tendência a favorecer tal sincretismo, alimentando formas de "religião" que, em vez de fazer as pessoas encontrarem-se, alheiam-nas umas das outras e afastam-nas da realidade", aponta o Papa.

"A doutrina social da Igreja nasceu para reivindicar este "estatuto de cidadania" da religião cristã", recorda.
"Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais", indica.

Bento XVI considera que "não há desenvolvimento pleno nem bem comum universal sem o bem espiritual e moral das pessoas (...) Para alcançar tais objetivos, é preciso que estejam centrados na promoção da dignidade das pessoas e dos povos".

Estas três encíclicas são a verdadeira trilogia do Amor, amor com “A” maiúsculo mesmo. Amor – Esperança – Caridade.

Link para as três encíclicas:
Deus caritas est
Spe salvi
Caritas in veritate

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