quinta-feira, 3 de junho de 2010

Corpus Christi – o Amor que se oferece na Eucaristia


É característico na Festa de Corpus Christi a gente se recordar, isto é, trazer de volta ao coração as cenas da Instituição Eucarística. É fascinante saber que ali no dom do Pão Eucarístico está nos reservado o tesouro e os mistério da Salvação, nos trazendo a lembrança de que o pão significa tudo aquilo de que temos fome. Temos fome de amor, de cuidado, de afeto, em uma palavra: de plenitude.

Essa relação do pão com a fome nos ajuda a compreender o porquê de Jesus ser o cumprimento da promessa quando Ele se distingue do maná que os israelitas comeram no deserto. ’’Em verdade, vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro Pão, porque o Pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. Eu sou o Pão da Vida. Aquele que vem a mim não terá fome, pois o pão que Eu Vos dou é a minha carne para a salvação do mundo” (Jo 6, 32-33; 35; 51).

Em pleno deserto, o Cristo afirma que pode nos alimentar. No deserto do vazio interior, no deserto dos sentimentos, nos desertos mais secretos e escondidos da condição humana… São nestes desertos que Jesus se faz alimento a nos nutrir e nos permitir a ir em frente. Faz-se alimento, porque refeição é devolução, é restituição daquilo que perdemos. Alimentamo-nos diariamente para devolver ao corpo aquilo que lhe foi subtraído e perdido. Cada refeição é lugar e oportunidade de se restituir. A refeição é tão redentora que alguns encontros de Jesus se deu no seu desejo de sentar-se à mesa com aqueles que precisavam ter a Vida Plena devolvida. O prato principal não era material, mas sim a Vida!

Neste sentido de saborear a refeição como devolução, encontramos Jesus que salva Zaqueu e toda sua família (Lc 19, 1-10); em Betânia Ele entra na história de Simão, o Leproso (Mc 14, 3), e finalmente com os discípulos na Última Ceia, Ele se senta à mesa para fazer refeição com seus amigos. Interessante é que nas duas primeiras refeições, o Mestre lhes ensina que quando nos sentamos à mesa, não nos alimentamos tão somente do que está posto sobre ela, mas, sobretudo de quem se serve dela. Alimentamo-nos do olhar, do amor, dos gestos, do afeto, e de tudo o que o outro significa. O outro nos nutre, nos devolve, nos restitui… Por isso é edificante nos sentarmos à mesa e fazermos juntos a refeição cotidiana. ’’Comer e beber juntos significa estarmos comprometidos. O banquete não é lugar para saciar somente a fome do corpo, mas também a fome da alma. Ao estar com os que amo para me alimentar, de alguma forma eu os trago para dentro de mim. ’’

Com os discípulos o significado da refeição fica mais claro e ganha um sentido mais redentor, pois ali a Salvação acontece. O mestre se senta à mesa e torna-se a refeição na qual todos os convidados se alimentariam. Em Jesus, os desertos da história daqueles discípulos dão lugar à vida nova. No Cristo, o Verdadeiro Amor se traduz, e faz o Pão se transformar em Seu Corpo e o Vinho em Seu Sangue. E como se não bastasse, Ele revela que o seu Amor é mais revelador do que muitas palavras quando Ele estende o Sacrifício Eucarístico até o Sacrifício do Calvário. Jesus identifica o pão que reparte, com a carne que Ele dá para a vida do mundo. Ele vem a ser o Pão que nos alimenta precisamente quando está na cruz.

De fato é o Amor que faz do Cristo pão para nós. Assim, o Pão na Eucaristia passa a ser o Sacramento do Amor que na Cruz Ele dirigiu até o fim. Portanto, ao comer esse Amor que se tornou Corpo no Pão Eucarístico, percebemos que o próprio Jesus é o Pão que sacia nossa fome, nos trazendo a certeza de que só conseguimos suportar a travessia dos desertos se segurarmos as mãos desse Amor que se oferece na Eucaristia de cada missa celebrada. Felizes são os convidados para este Banquete!

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